Friday, November 26, 2010

Thanksgiving

Tradicional receita portuguesa: Bacalhau com batata sem bacalhau!!!! :P

Ratatouille a la Anita Mafalda

Ontem foi Thanksgiving Day (Dia de Ação de Graças) e eu e o José fomos tirar a barriga da miséria na casa da Juno e do Myers. Porque é isso que se faz no "Thanksgiving": comer até não aguentar mais! Então eu e a Juno pegamos tudo o que encontramos pela frente e fizemos esses dois pratos vegetarianos. Isso mesmo, deixamos o argentino sem carne por um dia! Mas não se preocupem que ele sobreviveu! Até teve energia suficiente para praticar esportes os mais diversos (no wii) depois do jantar!!!



Saturday, November 20, 2010

Writing Group

Desde abril desse ano eu frequento (não muito assiduamente, devo confessar) um grupo de escrita (writing group). Sei lá se é assim que devo dizer em português, mas é um grupo de pessoas que escrevem por prazer e se reunem de vez em quando para falar de livros, para ler as coisas que escreveram, e para fazer uns exercícios de escrita.

Fiquei sabendo que o grupo existia depois que fui a uma palestra sobre escritores americanos expatriados em Paris nas primeiras décadas do século XX. A organizadora do grupo, Marjorie, que morou muitos anos em Paris, era quem estava dando a palestra. No final ficamos umas 5 pessoas falando sobre a obra de Gertrude Stein e eu falei pra caramba!! Foi baseado nas minhas opiniões não muito ortodoxas que a Marjorie achou uma boa idéia me convidar pra fazer parte do grupo. Recebi um e-mail dela umas semanas depois da palestra perguntando se eu escrevia e me falando do grupo e uns meses depois resolvi ir a uma reunião.

A gente se encontra duas vezes por mês, por mais ou menos 3 horas. Normalmente comemos chocolate, tomamos chá ou café, e falamos e escrevemos. Hoje em dia eu vou nem que não esteja a fim, porque quando chego lá, adoro! O grupo é extremamente eclético e, por isso mesmo, interessantíssimo. Tem gente que aparece e desaparece, mas tem um grupo de 5 que sempre estão lá. Deixa, então, eu apresentar os meus colegas mais assíduos.

A R. é uma vítima da crise aqui nos Estados Unidos, que perdeu um emprego muito bom e está há meses procurando outro. Como ela tem mais de 50 anos e a economia continua uma droga, não está encontrando nada. Ela, então aproveitou essa fase de tempo "livre" em que ainda está recebendo o seguro desemprego, pra fazer o que sempre quis: escrever. Detalhe: ela só escreve história de terror!!! Isso não é muito a minha praia, mas devo admitir que ela até me faz ficar interessada nas histórias. Só não sei bem se é pra achar engraçado, mas eu acho.

A N. é uma arquiteta que escreve bem pra caramba mas acha que é péssima! Ela é super ocupada, chega atrasada nas reuniões, sai mais cedo, mas tudo o que ela compartilha com a gente é lindo, super bem escrito. Ela só tem um probleminha parecido com o meu: não termina nada. A não ser o que a gente escreve nas reuniões, com tempo limitado. Eu adoro quando ela traz alguma coisa que está escrevendo pra ler pra gente. Espero um dia poder ler algo que ela escreveu do começo ao fim.

A M. era dona de uma loja chiquérrima de roupas aqui em Albuquerque. Eles só vendiam peças feitas com tecidos orgânicos, marcas que são "environmentally friendly", tudo maravilhoso e caro. Ela é poeta. Não importa o que a Marjorie peça pra gente escrever, quando ela escreve sai poesia. Ela já deveria ter livros publicados, se levasse o talento que tem a sério. Agora que ela fechou a loja, quem sabe?

O H. é um engenheiro aposentado que está escrevendo um livro de memórias. O desafio dele, segundo ele mesmo, é não escrever um livro chato. Ele tem um estilo muito seco devido a muitos anos escrevendo só texto técnico. Ele gosta do que eu escrevo, diz que acha engraçado, leve, e que queria escrever mais assim. O H. nasceu em 1930 num vilarejo no norte do Novo México onde as famílias, descendentes dos espanhóis colonizadores, só falavam espanhol. Ele só entrou em contato com a língua inglesa quando tinha 7 anos e teve que ir pra escola na cidade vizinha. Na última reunião ele leu um texto que escreveu sobre o choque cultural que teve quando passou a frequentar escola secundária em Santa Fé, que era a cidade grande. Muito tocante. Ele está começando a escrever de forma mais informal, menos cérebro e mais coração.

O H. sempre comenta comigo que nós dois estamos em desvantagem porque o inglês não é nossa primeira língua. Talvez por isso ele preste tanta atenção no que eu escrevo, e goste de fazer comentários e me elogiar. Sabe bem que, como ele, eu preciso de uma forcinha a mais. É legal ter um fã lá no grupo, além da Marjorie, claro, que vê todo mundo publicando livros.
Mas o H. tem razão. Nós pegamos uma língua emprestada e achamos que podemos usá-la tão bem que vamos agora escrever! Somos mesmos uns ousados, diria até, metidos!!!


Wednesday, November 10, 2010

Reflexões de Outono

Minha impressão é que todo mundo ao meu redor anda meio anti-social, com resfriado, com "outra coisa pra fazer", cansado, planejando a viagem do fim de ano (no caso dos meus amigos mais próximos, é a viagem pro Brasil). Mas, no fundo, é tudo desculpa e eu acho que é mesmo a leve depressão que surge nessa época do ano.
Começou a esfriar, já tem árvores peladinhas por todo lado, e domingo acabou o horário de verão, todo mundo quer mais é ficar em casa e não ver a cara de mais ninguém. Ou sou só eu????
Hoje, quando eu estava dirigindo pra casa às 5:15 já estava escurecendo... Triste.

*****

Pra mim essa mudança de tempo significa o início da temporada de filmes (a maioria não muito bom) devidamente assistidos do meu sofá. No sábado à noite eu vi boa parte de "Dirty Dancing" que (pasmem!) eu nunca tinha assistido na vida. Finalmente eu entendi aquela frase célebre do final do filme: "Nobody puts baby in a corner". Toda vida que ouvia isso me dava uma agonia e eu achava que estava faltando o pronome possessivo "my" ou algo assim. Mas não é que Baby é como todo mundo chama a criatura (que eu nem sei se tem um nome de verdade)?? Sinto-me muito mais culta agora.

Mas eu não vi só porcaria nesse fim de semana. No sábado finalmente assisti "Inglorious Basterds" e ADOREI!!! Tirando o fato de que me deu pesadelos, o que sempre ocorre quando vejo filme relacionado a II Guerra, achei o filme genial! E, meus deuses, o que é aquele Michael Fassbender?? Devia ser proibido!!! Ele até fez alemão (a língua) soar sexy. Eu tinha coragem.
Quero ver o filme de novo (não só por causa do Michael) mas não sei porque devolvi o DVD.

Domingo a gente viu "The End of Poverty?", um documentário que me deixou revoltadíssima e achando que eu não ia comer nunca mais na vida porque tem gente demais passando fome no mundo. Por sorte, logo depois achamos "Kung Fu Panda" passando na TV e resolvi ver de novo. E nos primeiros minutos do filme, enquanto o Po servia macarrão, meu apetite voltou ao normal, me deu a maior vontade de comer comida chinesa. Tive até que ir almoçar no dia seguinte no "Fei's Café" pra matar a vontade.
Mas voltando a "The End of Poverty?", eu recomendo demais. Não sei o título em português, mas vi que foi exibido na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo em 2008. O outro documentário que vi há alguns dias foi "South of the Border" do Oliver Stone. Mais um que me deixou super revoltada, mas muito mais otimista que "The End of Poverty?".

Eu assisto esses filmes e fico com vontade de mudar o mundo, de lutar contra injustiças e ajudar os menos favorecidos, fico achando que tenho que fazer alguma coisa!!! Aí, graças a deus, eu lembro do trabalho que faço e fico satisfeita com as escolhas que fiz na vida. Porque mesmo que numa escala pequena, lá onde eu trabalho, a gente ajuda a mudar um pouquinho o mundo, nem que seja melhorando a vida de apenas 130 famílias por ano. Mas tem tantos mais... E não pensem que não existe muita injustiça e pobreza aqui nos Estados Unidos! As falhas do sistema estão cada vez mais óbvias. Por aqui, a classe média está sendo esmagada, o poder aquisitivo despencando e o desemprego aumentando. E, enquanto isso, o povo elegeu maioria republicana nas últimas eleições para o Congresso americano. Não que faça muuuuita diferença, mas é pior. Vá entender!!!

E continua esfriando por aqui. Hoje eu não saio de casa nem em caso de incêndio, então vou já assistir "Sicko" pra alimentar minha revolta. Hehehe
Esse eu já vi algumas vezes mas um amigo meu aqui nunca viu, então esse será mais um capítulo na série educativa sobre os Estados Unidos. Pra quem não sabe, "Sicko" é sobre a falta de um sistema de saúde pública nos Estados Unidos. O Michael Moore compara o "sistema" daqui com o de uns países europeus, Canadá e Cuba. E ainda mostra o que aconteceu com alguns americanos que ficaram doentes e precisaram pagar por tratamento e medicamento. Recomendo principalmente para os deslumbrados com a "terra da oportunidade".

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Mas deixa eu parar de cuspir no prato em que estou comendo, né? Eu ainda moro aqui porque acho que aqui tem muita oportunidade de crescimento, sim. Principalmente pra quem, como eu, não tem a menor vocação pra fazer concurso público e fazer a mesma coisa no mesmo lugar a vida inteira! Aqui as pessoas podem se re-inventar e fazer coisas novas o tempo inteiro e é super normal. Você não parece ser um irresponsável, com déficit de atenção, que não sabe o que quer da vida, porque muda de profissão a cada 5 anos!!! Não que eu faça isso!!! :P
Mas aqui não existe muita oportunidade de estabilidade de trabalho, então você tem que ser criativo e estar preparado pra o que der e vier. Ou seja, na minha humilde opinião, não é pra qualquer um!!

E também não acho que o bom daqui é a facilidade de comprar porcaria descartável, mas, por exemplo, tenho mais acesso a bens culturais. Só que quase nada é de graça, o que significa que nem todo mundo tem o privilégio de ver um show de música ao vivo ou ir ao teatro. Por eu ter um salário meio decente, e não ter uma família pra sustentar, eu posso pagar por esse luxos. Mas a grande instituição "socialista" americana, a biblioteca pública, salva os que não têm dinheiro pra comprar livros e filmes. Ah, e viva o "dollar theater", que não custa mais só um dólar mas ainda é cinema muito mais barato que o normal!!

Mas falando em cinema, meu filme me espera!!!



Tuesday, November 2, 2010

Aniversário da CBNM

Dia 2 de novembro de 2009 eu e outras 5 brasileiras nos reunimos pela primeira vez pra falar sobre a necessidade de algum tipo de organização pra ajudar os brasileiros em Albuquerque. Acabamos, depois de mais algumas reuniões, criando a Comunidade Brasileira no Novo Mexico (CBNM).
De um ano pra cá nós entramos em contato com brasileiros por todo o estado, ajudamos a trazer o consulado itinerante a Albuquerque e organizamos a melhor festa junina EVER!!!! Fizemos outras coisa, mas pra mim essas foram as mais importantes. Ah, e agora nós temos uma website: www.cb-nm.org .

Então eu convidei essas mesmas brasileiras pra comemorar o primeiro ano de vida da CBNM hoje à noite aqui na minha casa. No fim, duas de nós falamos pelo skype com uma terceira que agora mora em outro estado. As outras três tinham coisa melhor (ou pior) pra fazer e não vieram. Então a gente conversou sobre a vida, sobre mudanças e incertezas nas nossas vidas pessoais, e depois planejou uma próxima reunião em preparação à próxima visita do consulado itinerante que será no dia 11 de dezembro.


Mas parabéns a CBNM que espero que continue a existir, com ou sem nós fundadoras da organização. A gente deu início a esse projeto e espero que outras pessoas possam dar continuidade a ele, caso não reste nenhuma de nós por aqui...
Deu preguiça de acender a velinha de 1 ano mas acho que o encontro foi bom assim mesmo. Depois do meu dia difícil no trabalho (primeiro dia de auditoria anual da prefeitura - woohoo!), foi bom encontrar amigas e falar sobre outras coisas...


Agora a falta de quorum hoje me fez pensar sobre a mudança de humor das pessoas nessa época do ano. Claro que tem coisa acontecendo na minha vida pessoal que me faz querer ficar em casa mas os dias mais curtos e as noites mais frias, sem dúvida, contribuem, para a atitude anti-social não só minha, mas generalizada.

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Mas voltando só muito rapidamente à minha obceção eleitoral, acabei de ficar sabendo que a candidata republicana ao governo do Novo México foi eleita. Pra mim não é boa notícia.... mas veremos.



Monday, November 1, 2010

Ressaca das Eleições

Acordei toda feliz da vida hoje por causa do resultado das eleições presidenciais no Brasil, até que lembrei que novembro promete ser um pouco difícil. Não é que eu esteja sendo pessimista, mas quando um mês começa com uma auditoria de mais de uma semana no trabalho, com a promessa de passar três dias (no mínimo) com uma inspetora da prefeitura visitando apartamentos dos meus clientes, não dá pra se animar.

Além disso, amanhã tem eleição aqui nos Estados Unidos e, espero estar errada, mas acho que o resultado não vai me deixar tão feliz quanto à eleição de ontem. Acho que as coisas vão piorar um pouquinho por aqui, com um monte de republicano sendo eleito para o congresso nacional. Só espero que os novo-mexicanos não elejam a candidata republicana à governador do estado! Isso não acontecendo já fico um pouquinho satisfeita.

Mas voltando ao Brasil, ontem eu fiquei zonza de tanta coisa que eu li sobre as eleições. E hoje de manhã continuei porque o pessoal que acordou e se tocou que não ganhou não está dormindo no ponto e a baixaria continua. Hoje li coisas absolutamente horríveis contra os nordestinos porque fomos nós que elegemos a Dilma e fomos todos "comprados" pelas promessas de expansão da bolsa família. Porque, pra quem não sabe, ninguém trabalha no nordeste. Vivemos todos às custas dos programas do governo federal. E, claro, tudo pago pelo pessoal que se mata de trabalhar no sul e no sudeste. Enquanto a gente fica na praia tomando água de côco...
E eu de besta perdendo isso. Vim morar nos Estados Unidos antes do Lula ser eleito e não tive essa vida boa. Ainda bem que a Dilma foi eleita agora e ainda tenho tempo de voltar pra Fortaleza e aproveitar!

Também vi outra coisa que não posso deixar de contar aqui porque me fez morrer de rir num momento em que eu estava com vontade de chorar por ler tanta barbaridade.
Olha, não estou querendo ofender ninguém, e não fui eu que disse isso, mas a história que corre é que o Tiririca declarou que não se candidatou no Ceará porque lá não tem abestado!!! :P

Depois de todas as ofensas que eu li sobre nordestinos, eu tenho direito a rir dessa piadinha aí, né?

Mas, sério, gente, tinha gente que parecia querer iniciar movimento separatista. Que tristeza!!! Claro que se a Dilma tivesse perdido eu estaria P da vida, mas não ia estar sugerindo que São Paulo, ou o sul, se separasse porque elegeram o Serra! Nem acredito em tal reação a um processo democrático.
Adoro o Brasil e os brasileiros de todas as regiões!!! Detesto esse tipo de violência e espero que a ressaca passe e os ânimos se acalmem rapidinho.

E, que fique claro (e o Tiririca que me desculpe por desmenti-lo): na realidade, abestado tem em todo lugar, até no Ceará!!! E nem vou dizer que é aproximadamente 23% da população de lá porque seria muito errado!!! Por isso eu não disse! Você que pensou isso e eu não sou responsável pelo que meus leitores pensam! Que coisa feia!!!!! :D