Saturday, January 29, 2011

De repente Califórnia

Estava aqui eu, sem pensar em viajar pelo menos por um mês, quando me liga uma amiga argentina que mora em Oakland, Califórnia, me chamando pra ir pra lá passar uns 3 dias na casa dela. A razão é que a organização (WORLD) para a qual ela trabalhou por muito tempo está programando um fim de semana de planejamento estratégico e ela convenceu o pessoal a me convidar pra participar.
Pra quem não sabe eu trabalhei um tempo no New Mexico AIDS Services (2003 a 2005), aqui em Albuquerque. Meu trabalho lá era ajudando mulheres, crianças e adolescentes com HIV. Foi nessa época em que conheci essa amiga argentina. A WORLD faz uns retiros pra mulheres soropositivas duas vezes por ano. Eu levei clientes do New Mexico AIDS Services para alguns desses retiros e aproveitava pra passear por Oakland e San Francisco, e a Alejandra (a argentina) me hospedava na casa dela.

A gente passou um tempão sem se comunicar, se achou no facebook há uns meses, e agora veio o convite. Aceitei e sexta-feira que vem estarei lá. A reunião será sexta à tarde e sábado o dia inteiro. O resto do tempo será pra gente se divertir!!!
A Alejandra ser uma companhia maravilhosa, eu ficar uns dias perto da água, e a temperatura lá estar uns 10ºC acima da daqui de Albuquerque, é tudo, na verdade, só bônus!!! O melhor dessa viagem é que eu vou participar de um evento super importante pra uma organização que atua no país inteiro. E, como estou pensando seriamente em voltar a trabalhar nessa área, num futuro próximo, vai ser importante entrar em contato com o pessoal da WORLD e outras organizações semelhantes. Depois é descobrir quem eles conhecem em New Orleans...

*****
WORLD é Women Organized to Respond to Life-threatening Diseases, o que significa Mulheres Organizadas pra Responder a Doenças que Ameaçam a Vida.
A website deles: www.womenhiv.org

Hoje em dia a Alejandra trabalha no Project Inform que tem um serviço nacional de educação sobre HIV e AIDS. A website é: www.projectinform.org


Tuesday, January 25, 2011

New Orleans - Comida

Muffuletta: sanduíche maravilhoso criado em New Orleans. Não é recomendado pra vegetarianos pois inclui salame e mortadela, entre outras coisas...
Po' boy é um sanduíche no pão francês, sendo os mais tradicionais de ostras ou camarões empanados e fritos, como esse aí acima que eu tive prazer de comer!
Voilá les beignets! Esses são os que prefero, do Café Beignet. Esse com menos açúcar aí da esquerda foi comido por mim logo após ter sido fotografado.
Bread pudding também virou coisa típica de New Orleans. Esse estava fantástico porque não era doce demais!
Gumbo é um cozido do sul da Louisiana. Esse que pedimos é no estilo "cajun" e era de frango e linguiça. Escolhi o gumbo sem quiabo que eu acho meio nojento quando cozido. Aqui no sul dos Estados Unidos eles fritam quiabo empanado e fica uma delícia! Só assim eu como a gosma.

Enfim, aí estão algumas das delícias que provamos em New Orleans.

Monday, January 24, 2011

New Orleans

Músicos na French Quarter - por que é que eu não filmei???


No final de semana passado fui a New Orleans encontrar meu querido argentino que se mudou pra lá. Passei quatro dias maravilhosos "morando" na French Quarter e ainda re-encontrei amigos de longas datas, que conheci em Fortaleza, naquela minha vida passada em que era professora de inglês da Cultura Inglesa.

Eu já tinha ido a New Orleans antes do furacão Katrina que destruiu muita coisa mas que deixou o French Quarter, parte mais antiga e turística, quase intacta. Quando fui em 2004 foi pra visitar esses mesmos amigos: a Nalu, o Rogério, a Mariana e o Gustavo. Fizemos o circuito turístico, com direito a ir ao Aquarium e zoológico e à noite na French Quarter, claro! Passamos o Thanksgiving Day numa casa linda, a beira do lago Pontchartrain, de uma amiga de meus amigos. Soube agora que essa casa não existe mais, foi completamente destruída pelo furacão Katrina.

Nem sei por onde começar a falar dessa cidade. Nouvelle Orléans foi fundada em 1718 pelos franceses, depois foi passada aos espanhóis em 1763, voltou pra França em 1800, e Napoleão, finalmente, vendeu todo o território chamado de Louisiana aos Estados Unidos em 1803. Desde então é uma cidade americana, mas não totalmente!!!
Entre furacões, enchentes (a cidade é cercada de água e protegida por diques) e incêndios ela já foi destruída e reconstruída algumas vezes. A maioria dos prédios na French Quarter (área francesa) são na realidade da época em que os espanhois eram os donos do pedaço. Depois de dois grandes incêndios, no final do século XVIII os espanhois tiveram que reconstruir tudo. O estilo arquitetônico é colonial espanhol.
O planejamento da parte antiga da cidade (tabuleiro de xadrez), isso sim, foi feito pelos franceses.

Foi nessa parte da cidade em que ficamos, no hotel Dauphine Orléans criado em 1969 numa construção do século XIX. O bar do hotel, May Baily's Place, era o salão de um bordel no século XIX, e está na lista dos prédios mal-assombrados de New Orleans! Só o bar, não o hotel. Acho tudo isso muito interessante, mas o melhor mesmo é a música e a comida! E por estar hospedados nessa parte da cidade dava pra ir a pé pra um monte de lugar legal. E foi o que fizemos!

Não lembro de ter comido nada ruim nessa viagem. Na maioria dos casos, o que comi estava uma delícia! Obviamente, comemos ostras, lula, caranguejo, peixe e camarão, muito camarão!! E posso dizer que não adorei o camarão só porque estava vindo do deserto e fazia anos que não comia! Na realidade eu tinha acabado de voltar de Fortaleza onde também comi camarão pra caramba!!!

Na categoria café, acho que o melhor café au lait que tomei foi no Antoine's Annex. Nenhum café me impressionou muito, mas ninguém vai a New Orleans pra beber café, né? Deve ser por isso. Também ainda temos que descobrir as padarias.
Mas o que não pode ser esquecido são os beignets, que são feitos de uma massa tipo de bolinhos de chuva (ou de buñuelos) cobertos com açúcar de confeiteiro. Beignet é francês (mas eu nunca comi na França) e virou coisa típica de New Orleans. Há até a rivalidade entre os dois cafés que servem os melhores beignets: o famosíssimo Café du Monde (que praticamente só serve beignets e café au lait) e o Café Beignet (que tem um cardápio bem mais variado). Nós fomos provar nos dois lugares e eu digo que o Café Beignet me ganhou logo de cara por ser um pouco menos exagerado na quantidade de açúcar. Mas mesmo sem levar isso em consideração eu achei o beignet deles mais gostoso e pronto! Os defensores do Café du Monde vão me mandar pra fogueira. Tudo bem, mas eu não vou mentir.

Vou pular pra música e dizer logo que não fomos no Preservation Hall. Fomos mas estava lotado, mandaram a gente dar meia volta. Na noite seguinte pensamos em ir cedo porque não se pode fazer reserva mas encontramos outra coisa melhor pra fazer. Ficou pra seguinte mas acabamos indo encontrar meus amigos, fomos pro Café du Monde e terminamos só indo beber um vinhozinho no nosso bar mal-assombrado mesmo.
Mas dizem que Preservation Hall é imperdível - o nome "preservation" (preservação) é porque foi criado (em 1961) pra preservar o jazz no estilo de New Orleans. Lá dentro só se consome música. Não tem comida, nem bebida, e, mesmo que você consiga entrar, não se garante que você fique num lugar de onde possa ver os músicos. Mesmo assim eu quero ir um dia.

Só que música tem em todo lugar em New Orleans, pra todos os gostos. Inclusive pra quem tem muito mau gosto! Em geral, devo dizer, gostei da música. Na noite em que saimos com a Nalu e o Rogério pela French Quarter, a Nalu nos levou em mil em um lugares, cada um famoso por alguma razão. Paramos pra ouvir jazz em um deles e depois tomamos umas cervejas em outro lugar onde uma banda tocava mais soul music. Adorei!
A qualquer hora do dia e da noite tem gente tocando nas ruas. Muito legal! Alguns são muito bons! A foto acima tirei no meu primeiro dia na French Quarter. Adorei o grupo e dei gorjeta. O guia do nosso passeio de charrete nos falou que é importante dar gorjeta pros bons músicos e não dar pros que são ruins. É assim que se garante a qualidade da música de rua.

Numa outra noite em que caminhávamos sem rumo, entramos num karaokê famoso (Cat's Meow) e tivemos o prazer de assistir a performance de uma brasileira (tinha que ser) cantando "Highway to Hell". Ela cantava bem mas eu acho que o público gostou mais do estilo de dançar de quem cresceu ao som de funk brasileiro e axé music. A cantora/dançarina brasileira combina perfeitamente bem com a New Orleans dos estudantes universitários americanos que vão pra lá só pra encher a cara e depois fazer outras coisas de que não vão lembrar no dia seguinte. E é provavelmente melhor que não lembrem.
Como eu já passei dessa fase, na minha New Orleans você vai pra sentar num lugar e ouvir jazz tocado por músicos excelentes. Por isso eu não daria gorjeta pra brasileira, pra preservar a qualidade da música.





Saturday, January 22, 2011

Meu mundo de pernas pro ar


Sabe o que é essa foto aí?

a) A imagem das novas janelas lindas e ecologicamente corretas que acabaram de ser instaladas no meu apartamento.

b) A imagem da reforma que está sendo feita no meu prédio desde o dia 10.

c) A imagem da causa da bagunça em que está o meu mundinho desde que mandaram tirar tudo de perto de todas as janelas e os trabalhadores mexicanos começaram a entrar e sair do meu apartamento todo dia.

d) Tudo isso acima e um pouco mais.

Sei que estou reclamando de barriga cheia porque o prédio em que meus pais moram em Fortaleza está passando por uma reforma que acaba de completar 1 ano e ainda não acabou!!! Claro que, no caso deles, estão refazendo a fachada completa de um prédio umas 100 vezes maior que esse, ampliaram varandas, mudaram o sistema de ar-condicionado, sei lá mais ou que! Mas talvez se os mexicanos ilegais que estão fazendo nossa reforma aqui fossem pra lá, a obra terminasse mais rápido. ;)

Antes que alguém pergunte, não, eu não sei se são mexicanos, nem ilegais, os pedreiros que estão trabalhando aqui. Só sei que falam espanhol entre si, o que não significa nada. Podem ser todos americanos e se forem daqui do Novo México, nada mais normal do que falarem espanhol. Escrevi isso só porque é uma realidade daqui. Mão-de-obra, em geral, é muito cara. Já conheci gente que ganhava muito bem trabalhando na construção civil. Mas se você é ilegal, não vão te pagar tão bem assim... E tem gente de outras nacionalidades também, obviamente, inclusive brasileiros. Mas até agora não ouvi ninguém falando português nem portunhol.

Voltando a minha reforma... É verdade que a reforma vai ser rápida, mas pra mim está enchendo o saco. Tirar tudo de perto das janelas significa ter tudo empilhado num canto da sala e num lado do quarto. Sem falar que eu tiver que arrastar os móveis (cheios) sozinha. Recebi a notificação do início da reforma num dia quando cheguei em casa por volta das 5 da tarde e tinha que estar tudo preparado no outro dia antes da 9 da manhã.
Depois dessa parte divertidíssima de desarrumar completamente meu microcosmo, por sorte, eu fui passar uns dias em New Orleans (post em breve). Foi aí que a maior parte da reforma se deu. Quando cheguei já tinha novas janelas e eles estavam dando os últimos retoques. Antes de sair pro trabalho ontem parecia que só faltava mesmo pintar, e isso é só por fora!

Então a besta aqui começou a limpar o apartamento de verdade, com a esperança de poder re-arrumar tudo no fim de semana. O banheiro, então, limpei inteirinho, coloquei tudo de volta, inclusive toalhas brancas limpinhas, cheirosas!!! Que maravilha!! (suspiros)
Mas que nada! Quando cheguei em casa ontem, tinham trocado a janela do banheiro de novo e deixado tudo sujo, uma bagunça! Deu vontade de sair gritando e voltar pro quarto de hotel maravilhoso em New Orleans... Não tive energia nem de limpar. Só varri e deixei o resto como estava até hoje de manhã. Por que trocaram a janela de novo? A outra parecia que não cabia, só que cabia, claro, porque foi instalada! Mas devia ser errada e agora essa última está perfeita. Me avisaram que iam fazer isso?? NO!!

Pois hoje, enquanto limpava o banheiro mais uma vez, vi a sombra de um homem do lado de fora. Estavam fazendo mais alguma coisa lá fora e continuo há horas ouvindo eles baterem, quebrarem, fazendo não sei o que. Ai, se eles entrarem aqui hoje de novo, eu vou ter um troço!!!!

Mas, enfim, resolvi adiar meu plano de limpar de verdade e por tudo de volta no lugar nesse fim de semana. Simplesmente não vou fazê-lo. Vou deixar a bagunça imperar por mais uns dias, caso eles voltem. E aqui estou eu, sentada na minha sala, rodeada de pilhas de DVDs e livros, ignorando a pilha de parafusos que deixaram no corredor, fazendo de conta que não me incomoda... Mas o fato é que me deixa louca!!!

O lado bom disso tudo: tenho janelas novas, mais bonitas, mais seguras, que não deixam entrar ar de forma alguma, ou seja, são ecologicamente corretas porque se usa menos ar-condicionado no verão e aquecimento no inverno. Esse prédio é antigo (alguém lembra da bancada da cozinha amarelo ovo dos anos 70??) e acho que as janelas eram as originais. Qualquer pessoa poderia abri-las, se estivesse minimamente disposto, mesmo com elas "trancadas". Juro! Agora, sim, estou segura. Ah, quer dizer, isso se ninguém perceber como é fácil abrir a porta do apartamento!

Saturday, January 8, 2011

2010: O ano em que eu não me mudei

Morei 31 anos da minha vida em Fortaleza e me mudei várias vezes, mas nada se compara aos 11 endereços que tive em 9 anos em Albuquerque. Me mudei pelo menos uma vez por ano e cada vez ia ficando um pouco mais complicado, pois a coleção de livros (y otras cositas más) vai ficando maior, e livro (e sapato e bolsa, ouvi falar) pesa demais!!!

Quando eu pensei em escrever sobre o ano que acabou lembrei que em 2010 eu viajei bastante, quase larguei meu emprego, fiz aulas de canto, entrei num grupo de escritores, comprei meu MacBook, arrumei meu apartamento, cozinhei um pouco mais, consegui me divorciar, me apaixonei... (suspiros)
Tudo isso aconteceu e eu mantive o mesmo endereço do dia 1º de janeiro até dia 31 de dezembro!!!! Razão pra comemoração mesmo! O pessoal da imigração deve estar até desconfiando de alguma coisa já que não receberam um formulário de mudança de endereço meu desde setembro de 2009.
Com todas as incertezas durante o ano, meu apartamento foi a única coisa que não mudou. E olha que quase todo mundo que me conhece achava que eu devia sair daqui por causa do meu ex. Eu que fui teimosa e fiquei e não me arrependo!

Sou grata por muita coisa boa que aconteceu no ano passado. Os lugares maravilhosos que visitei, as pessoas interessantes que conheci e revi, o tempo que pude passar com minha família, o trabalho que tive a chance de fazer, as comidas deliciosas que provei, as coisas que aprendi, o novo amor na minha vida, tudo isso, claro, fez de 2010 um ano muito especial, mas manter esse meu cantinho o ano inteiro está no topo da minha lista de gratidão.

******

E já que estou falando no assunto, aproveito pra informar a todos que já comecei 2011 com planos de me mudar daqui a uns 4 ou 5 meses. Dessa vez eu vou mudar de cidade e a operação de levar os livros (y otras cositas) pra lá vai ser um pouco mais complicada. Mas a mudança vai ser boa, tá na hora de ir pra outra parte do país, me afastar do passado, e apostar no futuro.
Já chequei umas companhias e vou deixar profissionais levarem minha mudança quando chegar a hora.
Enquanto isso, vou ficando mais tempo aqui no apartamento que eu adoro!! Se eu pudesse transferiria tudo do jeito que está aqui até a próxima cidade. Se bem que se eu encontrar um lugar com closets maiores não acharia ruim...

******

Um ano maravilhoso pra todos!!! Que as mudanças sejam todas pra melhor!!!