No final de semana passado fui a New Orleans encontrar meu querido argentino que se mudou pra lá. Passei quatro dias maravilhosos "morando" na French Quarter e ainda re-encontrei amigos de longas datas, que conheci em Fortaleza, naquela minha vida passada em que era professora de inglês da Cultura Inglesa.
Eu já tinha ido a New Orleans antes do furacão Katrina que destruiu muita coisa mas que deixou o French Quarter, parte mais antiga e turística, quase intacta. Quando fui em 2004 foi pra visitar esses mesmos amigos: a Nalu, o Rogério, a Mariana e o Gustavo. Fizemos o circuito turístico, com direito a ir ao Aquarium e zoológico e à noite na French Quarter, claro! Passamos o Thanksgiving Day numa casa linda, a beira do lago Pontchartrain, de uma amiga de meus amigos. Soube agora que essa casa não existe mais, foi completamente destruída pelo furacão Katrina.
Nem sei por onde começar a falar dessa cidade. Nouvelle Orléans foi fundada em 1718 pelos franceses, depois foi passada aos espanhóis em 1763, voltou pra França em 1800, e Napoleão, finalmente, vendeu todo o território chamado de Louisiana aos Estados Unidos em 1803. Desde então é uma cidade americana, mas não totalmente!!!
Entre furacões, enchentes (a cidade é cercada de água e protegida por diques) e incêndios ela já foi destruída e reconstruída algumas vezes. A maioria dos prédios na French Quarter (área francesa) são na realidade da época em que os espanhois eram os donos do pedaço. Depois de dois grandes incêndios, no final do século XVIII os espanhois tiveram que reconstruir tudo. O estilo arquitetônico é colonial espanhol.
O planejamento da parte antiga da cidade (tabuleiro de xadrez), isso sim, foi feito pelos franceses.
Foi nessa parte da cidade em que ficamos, no hotel Dauphine Orléans criado em 1969 numa construção do século XIX. O bar do hotel, May Baily's Place, era o salão de um bordel no século XIX, e está na lista dos prédios mal-assombrados de New Orleans! Só o bar, não o hotel. Acho tudo isso muito interessante, mas o melhor mesmo é a música e a comida! E por estar hospedados nessa parte da cidade dava pra ir a pé pra um monte de lugar legal. E foi o que fizemos!
Não lembro de ter comido nada ruim nessa viagem. Na maioria dos casos, o que comi estava uma delícia! Obviamente, comemos ostras, lula, caranguejo, peixe e camarão, muito camarão!! E posso dizer que não adorei o camarão só porque estava vindo do deserto e fazia anos que não comia! Na realidade eu tinha acabado de voltar de Fortaleza onde também comi camarão pra caramba!!!
Na categoria café, acho que o melhor café au lait que tomei foi no Antoine's Annex. Nenhum café me impressionou muito, mas ninguém vai a New Orleans pra beber café, né? Deve ser por isso. Também ainda temos que descobrir as padarias.
Mas o que não pode ser esquecido são os beignets, que são feitos de uma massa tipo de bolinhos de chuva (ou de buñuelos) cobertos com açúcar de confeiteiro. Beignet é francês (mas eu nunca comi na França) e virou coisa típica de New Orleans. Há até a rivalidade entre os dois cafés que servem os melhores beignets: o famosíssimo Café du Monde (que praticamente só serve beignets e café au lait) e o Café Beignet (que tem um cardápio bem mais variado). Nós fomos provar nos dois lugares e eu digo que o Café Beignet me ganhou logo de cara por ser um pouco menos exagerado na quantidade de açúcar. Mas mesmo sem levar isso em consideração eu achei o beignet deles mais gostoso e pronto! Os defensores do Café du Monde vão me mandar pra fogueira. Tudo bem, mas eu não vou mentir.
Vou pular pra música e dizer logo que não fomos no Preservation Hall. Fomos mas estava lotado, mandaram a gente dar meia volta. Na noite seguinte pensamos em ir cedo porque não se pode fazer reserva mas encontramos outra coisa melhor pra fazer. Ficou pra seguinte mas acabamos indo encontrar meus amigos, fomos pro Café du Monde e terminamos só indo beber um vinhozinho no nosso bar mal-assombrado mesmo.
Mas dizem que Preservation Hall é imperdível - o nome "preservation" (preservação) é porque foi criado (em 1961) pra preservar o jazz no estilo de New Orleans. Lá dentro só se consome música. Não tem comida, nem bebida, e, mesmo que você consiga entrar, não se garante que você fique num lugar de onde possa ver os músicos. Mesmo assim eu quero ir um dia.
Só que música tem em todo lugar em New Orleans, pra todos os gostos. Inclusive pra quem tem muito mau gosto! Em geral, devo dizer, gostei da música. Na noite em que saimos com a Nalu e o Rogério pela French Quarter, a Nalu nos levou em mil em um lugares, cada um famoso por alguma razão. Paramos pra ouvir jazz em um deles e depois tomamos umas cervejas em outro lugar onde uma banda tocava mais soul music. Adorei!
A qualquer hora do dia e da noite tem gente tocando nas ruas. Muito legal! Alguns são muito bons! A foto acima tirei no meu primeiro dia na French Quarter. Adorei o grupo e dei gorjeta. O guia do nosso passeio de charrete nos falou que é importante dar gorjeta pros bons músicos e não dar pros que são ruins. É assim que se garante a qualidade da música de rua.
Numa outra noite em que caminhávamos sem rumo, entramos num karaokê famoso (Cat's Meow) e tivemos o prazer de assistir a performance de uma brasileira (tinha que ser) cantando "Highway to Hell". Ela cantava bem mas eu acho que o público gostou mais do estilo de dançar de quem cresceu ao som de funk brasileiro e axé music. A cantora/dançarina brasileira combina perfeitamente bem com a New Orleans dos estudantes universitários americanos que vão pra lá só pra encher a cara e depois fazer outras coisas de que não vão lembrar no dia seguinte. E é provavelmente melhor que não lembrem.
Como eu já passei dessa fase, na minha New Orleans você vai pra sentar num lugar e ouvir jazz tocado por músicos excelentes. Por isso eu não daria gorjeta pra brasileira, pra preservar a qualidade da música.
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