Ontem a tarde passei na casa de um casal , Roberto e Yesenia (clientes meus), para dar uma olhada numas coisas que precisam ser consertadas e que eles ja informaram ao proprietario mas nada foi feito a respeito. Eh parte do meu trabalho ir reclamar quando um proprietario nao cumpre sua parte do acordo de aluguel. Reclamar eh coisa que eu detesto, mas fazer o que, ne? Hahaha!!!
Esses meus clientes sao cubanos e mais ou menos da minha idade. Vivem nos Estados Unidos ha uns 16 anos e vieram pra Albuquerque de New Orleans depois do furacao Katrina quando perderam tudo pela segunda vez. A primeira foi quando deixaram tudo, inclusive a familia, em Cuba.
Eles tem duas filhas que sao americanas e me contaram ontem que vao voltar pra Cuba quando as meninas tiverem em idade de fazer faculdade porque la eh de graca e aqui eles nao teriam como pagar. E porque o ensino eh melhor. Eles acham as escolas aqui uma porcaria.
Na verdade, essa familia "vive" em Cuba.
Olha que eu conheco muito expatriado, de tudo que eh lugar do mundo. E eu me incluo nesse grupo. Quase todos tem um pe ca e outro la, em graus diferentes, por razoes diversas, mas tem. Tem gente que nao tem mais familia no lugar de origem mas sente falta do clima, de lugares, da lingua, cultura, comida, etc... Mas na maioria dos casos se encontra uma forma de ser feliz onde se vive. Ha coisas boas que conpensam o que foi deixado pra tras.
Mas esse casal tem uma saudade tao grande, falam com tanto amor de Cuba que eh dificil imaginar porque eles sairam de la e como sobrevivem aqui.
Eu nao sei exatamente porque eles resolveram vir pros Estados Unidos. Algum motivo politico ou vieram atras do sonho americano?? Isso eu duvido. :) E prefiro nao perguntar. Sou discreta assim.
Conversar com a Yesenia pra mim eh como se estivesse numa reuniao do PLP (Partido da Libertacao Proletaria, pra quem nao sabe). Ela eh de extrema esquerda e discute politica o tempo inteiro, agora esta de olho no que o Obama anda fazendo. E nao quer aprender ingles. Provavelmente porque eh a lingua dos imperialistas. O fato de que essa conversa toda eh em espanhol com sotaque cubano me faz sentir mais ainda como se eu estivesse la com eles planejando uma revolucao!!! :) O Che Guevara vai chegar a qualquer momento pra tomar um cafezinho com a gente.
Pois ontem, depois de olhar o apartamento e anotar o que precisa ser feito, o Roberto disse que eu nao saia de la sem tomar um cafe cubano. Eu nao podia recusar. Entao ele pegou uma cafeteira italiana igual a minha, fez o cafe e serviu numa xicara de cafezinho mesmo (que nunca nem se ve aqui) um cafe, como eu esperava, fortissimo e super doce. Foi como uma dose de cafeina e acucar na veia. Me deixou acesa ate tarde.
Ele ficou tao feliz porque me perguntou se o cafe cubano era melhor que o americano e eu disse que era, claro. Ca entre nos, isso nao eh la grande elogio. Cafe americano eh, em geral, uma droga. Eh chafe!
E enquanto a gente tomava o cafezinho ele me perguntou se eu conhecia a musica do Djavan. Ele me disse que adora a musica dele, que nunca mais ouviu, desde que veio de Cuba pra ca. Eu disse que ia trazer um CD pra ele quando viesse do Brasil. Mas ele pediu Djavan do final da decada de 80, que sao as musicas que ele conhece, que lembra os bons velhos tempos...
Sai da casa deles, entrei no carro e coloquei musica cubana no meu iPod, e sai dirigindo com saudades de Cuba, um pais que nem conheco, mas que, segundo o Roberto e a Yesenia, eu adoraria porque eh muito parecido com o Brasil. :)